
Às vezes me pego em viagens mentais onde me teletrasporto pra um lugar tão tão distante, em meio a minha fuga de pensamentos, que enfim me encontro em um mundo que é só meu. Onde não existe nada nem ninguém pra negar meu potencial. Pra atirar lama na minha força de vontade. Pra colocar uma pedra em cima de todos os meus sonhos e perspectivas. Se tiver algo que vai me puxar pra baixo, só a força da gravidade, e essa eu deixo, é essencial pra me fazer manter os pés no chão. Onde tudo é paz, onde me desligo dos problemas, e só tenho contato com coisas boas, lembranças boas, sentimentos bons, pessoas boas. É uma forma meio louca de viver, mas que tem dado muito certo. Em meio a essa sociedade hipócrita, de gente fútil, sem conteúdo e vulgar, nada melhor do que, volta e meia, tirar um tempo pra si. Tempo esse necessário para rever seus valores, crenças e memórias. O mundo de hoje me dá medo. Medo de confiar nas pessoas, medo de acordar, medo de ser quem eu sou. Sim, eu sou quem eu quero ser, não quem vão dizer que eu devo ou não ser, formatada de acordo com padrões estéticos e culturais de uma montanha de LIXO. Todos um dia vamos partir dessa pra melhor, e você acha que vou ficar desperdiçando meu tempo tentando ser quem eu não sou? Dá um tempo, né. Eu quero mais é viver, fazer o que dá na telha, pintar a vida com minhas próprias cores. Se você quer ser mais um robozinho, que vive mecanizado tal como o que a tv e a imprensa pregam, boa sorte com sua vida preta-e-branca. Eu quero ser feliz, custe o que custar, leve o tempo que levar. Pelo menos assim não vou olhar pra trás e reconhecer que joguei minha vida pro alto pra tentar me vestir, ser e ter como todos os outros, mas sim que lutei uma vida toda pra tentar ser diferente, à minha maneira, sem vergonha e tendo sido muito, mas muito feliz.
Agora entende meu medo de confiar nas pessoas? Como confiar em alguém que trocou sua essência de pureza por valores tão duradouros quanto o papel higiênico do meu banheiro? Como acordar feliz, sabendo que vou ter que durante o meu dia vou ter que suportar e lidar com pessoas tão falsas quanto uma nota de R$3? Assistir tantos miseráveis passarem fome enquanto os vermes de verdade estão no planalto sugando o pouco que tantos suam pra conseguir? Que o homem está degradando a natureza, CONSCIENTEMENTE, e nem sei se meus filhos vão desfrutar do que desfrutei e ainda desfruto hoje? Como vou ser quem eu sou, sendo alvo de críticas no que faço, no que não faço, no que digo, no que deixo de dizer, no que visto, no que como, no que penso, no que não penso? A resposta dessas questões é que, apesar do medo, não posso deixar de encontrar forças para enfrentá-las, e buscar uma solução. Sim, vibre: ainda há esperança. Ainda existem pessoas que se pode confiar, que te serão verdadeiras até mesmo num sorriso. Ainda existem pessoas que lutam para o fim da vergonha que é o governo do nosso país, pela preservação do nosso planeta, pra transformação da qualidade de vida de uma nação. E o mais importante, apesar do medo de deixar aflorar em mim a minha essência, essa é uma característica que não inibo no meu ser. Dane-se o que vão pensar, vou ser verdade sempre, doa a quem doer, e seja o que e quando for. Minha essência não muda, e não mudou, passe o tempo que passar, que entrem e saiam pessoas da minha vida e que eu viva diferentes situações. Minha essência não mudou. O que mudou foi a forma que encaro esses pedregulhos na minha caminhada.